quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A metáfora versus a metafísica

John Lennon errou. Não, não é a felicidade que é uma arma aconchegante. Não, não é. John não teve como escutar o novo disco do Mars Volta, o [introduza aqui seu adjetivo no grau superlativo absoluto de sua preferência] The Bedlam in Goliath, lançado nesta última terça-feira, 29 de janeiro de 2008, mas já disponível na rede [e constantemente deletado] desde 17 último. Se John tivesse a oportunidade de ouvi-lo, tenho certeza, mudaria o nome do seu clássico para "Creativity is a Warm Gun". Ou "The Mars Volta is a Warm Gun". Ou ainda "The Bedlam in Goliath is a Warm Gun".




Não não é exagero, não não é embalo hypado. Se o leitor tiver o mínimo de percepção artística ou sensibilidade musical, só para saber quando as coisas estão acontecendo, já deve ter percebido que os americanos do The Mars Volta têm essa capacidade de mesclar a violência de uma arma com o conforto da felicidade. É como uma Síndrome de Estocolmo projetada para a arma do seqüestrador. Você não ama aquele homem que lhe priva a liberdade, ama a arma dele.

Desde Tremulant EP, o disco que lançou a banda, até este The Bedlam in Goliath [passando por De-Loused in the Comatorium, Frances the Mute e Amputechture], Omar Rodriguez-Lopez e Cedric Bixler-Zavala foram provando que têm a criatividade como arma e como sustento da alma. Seria a criatividade ou a curiosidade? A curiosidade ou a experimentação? Não se sabe ao certo, por que, como disse Machado de Assis, "[...] não há raciocínio nem documento que nos explique melhor a intenção de um ato do que o próprio autor do ato". E assim, em suposições e idéias, baseiam-se as impressões sobre a arte do núcleo do Mars Volta. Mas se só suposições e idéias são oferecidas, prender-se a elas e saborear o resultado parece ser uma atitude válida.

Importante confessar que nunca fui grande fã do grupo, mas desde o "De-Loused..." sempre procurei ouvir seus trabalhos com atenção, por saber do material de qualidade a ser encontrado ali, mesmo que esse às vezes seja inatingível. O Amputechture foi um parto complicado, ficou distante da compreensão simples. Talvez por ser o único solto de qualquer conceito? Provavelmente, já que todos os outros discos do Volta cumprem bem seu papel de obras de arte, ficando o disco de 2006 num segundo, mas próximo, plano.




E The Bedlam in Goliath desenvolve bem seu conceito. De acordo com a lenda contada no site da banda, o início de tudo se deu quando, em Jerusalém, Omar comprou uma antiga tábua de ouija para Cedric. O que parecia um simples presente, estranhamente passou a influenciar a rotina do Mars Volta [leia a história completa aqui]. Livrar-se dessa influência deu o pano de fundo perfeito para as viagens de Omar e o lirismo de Cedric.

Começa aí o embate da metáfora contra a metafísica. Até onde a religião, o ocultismo, o desconhecido, podem afetar o físico? Até onde a metáfora pode inserir-se na metafísica? É tudo uma ficção bem costurada ou apenas uma ilustração sobre como gatilhos dentro da nossa mente esperam um mínimo motivo para desencadear toda uma reação a estímulos naturais do dia-a-dia?

O resultado desse debate é um disco não-conciso, aos moldes tradicionais do Volta, mas com uma identidade e um encadeamento que tornam a audição tranqüila e agradabilíssima. São doze músicas [e várias faixas bônus] que variam entre a calma e a tormenta, a rapidez e o minimalismo, a agonia e o prazer. Assim mesmo, indo de 8 a 8.000 em segundos.

Tudo fica meio misturado quando se ouve Mars Volta, mas essa é uma confusão natural e até esperada. Culpa [ou mérito...] da forte e profunda veia progressiva e psicodélica do grupo. O som não é acessível à primeira audição, mas é só desligar um pouco a consciência e deixar a massa sonora de "The Bedlam..." te carregar que então tudo flui.




Até por que, se você não deixar, será carregado do mesmo jeito. Aberinkula rasga o disco já com um agudo e uma guitarra que transita entre a dureza e a liberdade. O baterista Thomas Pridgen [mais novo integrante da trupe e espécie de polvo incansável] e o baixista Juan Alderete fazem a cama para as distorções, solos e experimentações não só nessa faixa, mas como no disco inteiro.

Palmas para Isaiah Ikey Owens [teclados], Marcel Rodriguez-Lopez [percussão/sintetizadores], Adrián Terrazas-González [flauta/sax tenor/clarinete] e Paul Hinojos [guitarra/manipulação sonora], que completam o destemido bando, responsável pela tenda que permite o espetáculo de Cedric-Omar.

A segunda faixa, Metatron, já mergulha nas complexas variações do mesmo tema do Volta, em oito minutos de alternâncias entre lirismo agressivo e melodia convidativa. E é apenas a segunda faixa. E já é um mantra de libertação. E a partir daí a porrada come solta.

Destaque para Wax Simulacra, Goliath [ótimo refrão], Askepios, Ouroboros, Soothsayer e Conjugal Burns, embora o disco inteiro seja de ótimas canções.




Ao fim de infinitas audições, fica a impressão de que essa é uma obra para ser degustada sem limite. O clima oriental das escalas usadas nos arranjos deixa o álbum ainda mais interessante e peculiar ao ouvido. Ouça-o alto, no carro, durante o banho, quando for dormir, enquanto escova os dentes, fazendo sexo, no aniversário de 10 anos do filho da vizinha... A criatividade, The Mars Volta e The Bedlam in Goliath são armas bem mais aconchegantes que a felicidade.




este disco está disponível aqui e aqui!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Novo The Charlatans de graça na internet

A iniciativa do Radiohead [ou jogada de marketing?] de lançar seu mais recente disco, In Rainbows, de forma independente e liberando por três meses o download do álbum pelo preço que o internauta preferisse rendeu ao menos um descendente.




A veterana banda de britpop The Charlatans [que já teve um disco resenhado neste mesmo Calo na Orelha] lança seu próximo disco, You Cross My Path, primeiro na internet, para só depois distribuir a versão física para as lojas especializadas.

No dia 03 de março, os fãs e interessados poderão efetuar o download completo e gratuito do álbum através do site oficial da banda ou do site da rádio online britânica XFM.

A cópia física do décimo álbum do Charlatans vem acompanhada de um vinil, e será lançada no dia 19 de maio, em 33 países. No dia 25 de fevereiro, entretanto, através dos mesmos sites, estará disponibilizado o single Oh! Vanity.




Ainda no ano passado, 12 dias após o Radiohead ter lançado o In Rainbows, o Charlatans disponibilizou seu novo single, “You Cross My Path”, gratuitamente. Na ocasião, a banda se comprometeu a lançar seu novo álbum, homônimo, da mesma maneira.

No comunicado oficial disponibilizado em seu MySpace, o grupo não dá detalhes se esse será o padrão de lançamento dos seus próximos trabalhos.

You Cross My Path foi gravado nos EUA, Irlanda e nos estúdios da banda, produzido pelo grupo e com o apoio de James Spencer. A mixagem ficou a cargo de Alan Moulder, que já trabalhou com Smashing Pumpkins, The Killers e Arctic Monkeys.

A julgar pelo single, disponível aqui, temos um bom disco a caminho.
Aguarde resenha desse lançamento aqui no Calo na Orelha.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Dúvidas delicadas, covardia inocente

Da primeira vez que escutei alguma coisa da banda inglesa I Am Kloot, não me interessei de cara. Mentira, não me interessei de jeito algum. Foi mais para matar a curiosidade de saber o que tinha levado um amigo barbado a colocar no e-mail pessoal uma referência direta à banda, esse costume tão pré-adolescente.

Tempos depois, já na era [atrasada, aliás] lastfmeniana, encontrar o I Am Kloot como uma das bandas mais ouvidas em uma semana qualquer por um amigo muito mais suscetível ao pop do que eu [e eu acho isso ótimo, me rende maravilhosas descobertas] levou-me à indagação: “porquê as pessoas escutam o I Am Kloot?”. E não havia aí um preconceito ou acidez disfarçada. Apenas curiosidade mesmo.




Lá fui eu para a mãe de todas as descobertas e entrei em contato imediato, aleatório e profundo com o disco “Gods and Monsters”, considerado por aí o mais fraco da trupe de três. A mim, no entanto, leva fácil o título de ótimo disco, presenteando-me com a enigmática pergunta: ‘se esse é o mais fraco, ter ou não ter medo dos outros discos do grupo?’. Pura retórica, é bom colocar.

A banda é antiga, com o primeiro lançamento em 2001, o Natural History, seguido de um homônimo I Am Kloot [2003] até chegar a este Gods and Monsters [2005]. Depois dele veio um “ao vivo”, o BBC Radio 1 John Peel Sessions [2006], e na seqüência, I Am Koolt Play Moolah Rouge, lançado na surdina em apresentações do grupo e que em 2008 ganha lançamento comercial/convencional.

Formado por John Bramwell (guitarra/vocais), Peter Jobson (baixo) e Andy Hargreaves (bateria), o grupo tem um instrumental responsável e letras que te colocam num humor diferente a cada faixa. Tristeza, desolação, alegria, saudade, sarcasmo, tudo entra no leque de expressões de Bramwell, único compositor do disco. A voz de Bramwell, inclusive, não é expressiva como a de Thom Yorke, ou maleável como a de Matthew Bellamy, mas é pacífica e instigante, é tranqüila e bonita, além de ampliar os exemplos da lenda de que os ingleses nascem afinados. Vai dizer que você nunca tinha pensado nisso?




Os arranjos sutis e impactantes, misturam a amabilidade de um glockenspiel com a covardia de um trompete. Covardia, aliás, é uma palavra recorrente quando se pensa nesse disco. No Direction Home, Gods and Monsters, Over My Shoulder, An Ordinary Girl, The Stars Look Familiar, Strange Without You fazem um “lado A” perfeito e covarde. O “lado B”, coitado, fica delegado ao posto de “um dia passo da sexta música e descubro o que tem por lá”. E valerá a pena, provoco, por que por lá temos as grandes Sand and Glue, Avenue of Hope e Dead Men's Cigarettes.




Ao fim da terceira audição seguida do disco, imagino o leitor parado e pensativo, incomodado com uma dúvida delicada: “porquê eu não ouvi isso antes?”.




este disco está disponível aqui!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

As mulheres que amei em 2007.
Por Jader Pires
Mil novecentos e 2007 foi um ano recheado de mulheres malucas na minha vida. Várias situações atípicas, intrigantes, interessantes e bizarras marcaram os 365 dias que passaram e a música também ficou por conta de uma invasão feminina, com ótimas e péssimas lembranãas.


Tudo começou e terminou com a velha paixão minha pela família Shankar. Renovei votos com a delicada Norah Jones em fevereiro, quando ouvi seu recém-lançado trabalho, Not Too Late. Um álbum que mantém a qualidade das letras e cuidados nos arranjos já conhecidos dos álbuns anteriores (Come Away With Me e Feels Like Home). Os destaques vão para o relançamento do cd meses depois com capa nova e 4 faixas-bônus de vídeos e para as duas músicas que abrem o disco, Wish I Could que é deveras aconchegante e Sinkin' Soon, que nos leva por uma letra apocalíptica e um piano danadinho até o solo de trompete mais safado do ano.

Já a sua meio-irmã Anousha Shankar fez parceria com o produtor inglês-hindustani Karsh Kale e lançou em dezembro o álbum Breathing Under The Water, que faz bem a linha World Music. Viagens orientais, uma cítara afiadíssima, lounge hipnotizante e convidados de primeira grandeza (Norah Jones aparece na faixa Easy, o papai Havi Shankar humilha com sua cítara nas faixas Oceanic Part 1 e Oceanic Part 2 e Sting marca presença em Sea Dreamer). Definitivamente um álbum para se ter por perto nos melhores momentos de carinhos e afagos.

Quem colecionou corações (incluindo o meu) em 2007 foi a inglesa mirradinha Amy Winehouse. A menina do cabelo-de-bolo cantou, encantou e encurtou vidas com seu som que parece ter saído diretamente de algum estúdio da Motown. Com uma voz poderosa, metais precisos mesclados com batidas atuais e letras pra lá de confessionais, fez Rehab conquistar o mundo e abrir espaço para outros momentos brilhantes como as canções You Know I'm No Good, Me And Mr. Jones e Just Friends. Com tanto talento e tantos feitos, o álbum Back To Black se tornou obrigatório e não conseguiu ser ofuscado nem pelas milhares de milhões de polêmicas em que Amy esteve metida, de drogas à brigas e choramingos sem fim por conta da prisão do seu marido (até o fechamento desta matéria, Blake ainda estava preso, ainda era marido de Amy Winehouse e ambos estavam vivos). É, o amor tem dessas...


Já em terras tupiniquins, tivemos um ano com várias cantoras despontando, entre novas e velhas faces. A principal delas é a cantora Céu. Tudo bem que o álbum homônimo foi lançado em 2005, mas foi em 2007 que a paulistana dos cabelos encaracolados deu as caras com afinco no Brasil e lá fora (sucesso a conta-gotas) e se mostrou talentosa com um álbum que preza pela dualidade, aproximando o velho e o novo em canções consistentes. A pequena fez com que meus olhos, ouvidos e atenção se voltassem pra ela o ano todo, de uma forma ou de outra. Sem dúvida nasceu ali um amor platônico.

Após a grande frustração que pairou sobre as cabeças dos fãs de Los Hermanos após o tal recesso por tempo indeterminado, seus órfãos tiveram um lampejo de felicidade quando o cd Carnaval Só Ano Que Vem da trupe que forma a Orquestra Imperial chegou. Rodrigo Amarante é um dos integrantes do projeto que mais deu certo em 2007 no quesito "amigos que se reúnem despretensiosamente para fazer boa música". Mas as meninas que tomaram de assalto o meu coração foram as vocalistas Thalma de Freitas e Nina Becker. Gafieira e sensualidade que só vendo (e ouvindo).

Enfim, da voz encantadora da canadense Feist, que repetiu a dose de canções deliciosas no cd Reminder até as brincadeiras e estilos diversos de Regina Spektor com seu Begin To Hope. Da surpresa na reta final que Ana Cañas me proporcionou com seu álbum intitulado Amor E Caos, gravado de maneira bem despretensiosa e dando esperanças de um show bem interessante. Do tesão de ter por perto a pequenina Bjork e seu jogo de luz e panos e naipe de metais e instrumentos bizarros e show estrondoso ou da lânguida Juliette Lewis querendo ser Iggy Pop e me fazendo perder o juízo momentaneamente, entre pulos e sorrisos na última (e bem mal organizada) edição do TIM festival. Da tristeza de dar um tempo com a Maria Rita que cantou sem malandragem os sambas de Arlindo Cruz no seu ultimo álbum Samba Meu, e da paquera inicial com Fernanda Takai que mandou muito bem, tanto no delicioso Daqui Pro Futuro do Pato Fu, quanto em seu primeiro álbum solo Onde Brilhem Os Olhos Teus, com releituras de canções que Nara Leão consagrou em sua voz e interpretação. De todos esses amores, paixões, paqueras secretas, xavecos insólitos, desejos ardentes e raivas contidas, tiro a conclusão de que 2007 foi um ótimo ano pra novidades femininas.

E que 2008 venha cheio de calcinhas penduradas no box do chuveiro, álbuns inspirados, esmaltes espalhados pela casa, canções atraentes, perfumes no travesseiro, performances enigmáticas e marcas de batom nas golas de minhas camisas.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

You know that she is so good

"I told you I was trouble" é o primeiro DVD de Amy Winehouse. Traz um show, gravado no Shepherd's Bush Empire, em Londres, em abril de 2007, e um documentário.




Fascinada pela voz dessa moça, suas letras e seu visual retrô-modernete, me tornei fã logo que a conheci. Por sorte, ganhei o DVD de Natal - e me livrei da coisa de nunca poder ver um show dela (dependente química e sempre envolvida em escândalos, Amy consta daquelas listas de apostas das próximas celebridades que vão morrer). Particularmente, acho que ela ainda vai viver um bom tempo, vide tio Keith. Mas, vamos ao show.

A decoração do lugar é lindíssima e a iluminação também é boa. Ela chega meio desengonçada e manda a bem-humorada "Addicted". Simpática, anuncia cada música - e fala um monte de coisas difíceis de decifrar, mesmo depois de assistir várias vezes. Seguem-se sucessos como "Just friends", "Back to black", "Tears dry on their own", "Fuck me pumps", com arranjos mais jazzy e mais elaborados, graças a uma banda talentosa.




Amy está em sua melhor fase (até agora): o marido, o barraqueiro Blake Fielder-Civil, está na platéia, bem como o pai dela e a madrasta. A moça canta feliz - e canta bem - sorri, faz brincadeiras, beberica de uns copões de vez em quando e joga olhares para o amado. Reclama de sua voz e ainda afirma que se o público não gostar do show, ela não devolverá os ingressos.

Além de seus hits "Love is a losing game", "Rehab", "You know I'm no good" e "Me & Mr Jones", o repertório traz covers dos Specials e até de Lauryn Hill. Amy faz umas dancinhas contidas, mas quem surpreende são seus dois backing vocals, Ade e Zalon, que fazem coreografias divertidas o tempo todo.

O objetivo deste texto não é destrinchar o show, e sim despertar a curiosidade do leitor em vê-lo (nem vou falar do documentário para não estragar). Vale a pena, tanto que o procurei pra dar de presente e estava esgotado na FNAC...




Esta Amy, diferente da magrelinha junkie (agora loira) e encrenqueira dos tablóides, encanta com sua voz poderosa - mesmo quando ela diz estar going shitty. Acredito que ela já entrou para a lista das divas eternas do jazz. E melhor, é pop também e conquistou fãs de diversas idades. Espero que sua vida tumultuada e o vício em heroína não estraguem o que ela tem de melhor. Eu amo esse DVD e amo Mrs. Winehouse too.

“Amy, eu sei que você é trouble. Mas, please, don’t die. Torço pelo seu rehab.”

Texto por Márcia Campos

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

"Cana, é disso que eu gosto"

A banda é de Detroit, que já foi chamada de Capital Mundial do Automóvel.

O que raios isso tem a ver com o rock do The Von Bondies? Sei lá, eu acho que porra nenhuma...




Mas.......... nada melhor do que escutar um disco de rock como o Pawn Shoppe Heart, lançado em 2004, depois de um bom Lack of Communication (2001) e um Raw and Rare (2003). Esse Pawn Shoppe Heart, pense num disquinho bom... pense num negocinho bom... de primeira...

Formado [em 2004, hoje já possui uma formação bem diferente] por Jason Stollsteimer (guitarra, vocal, saco de pancada do Jack White Stripes), Carrie Smith (baixo), Don Blum (bateria) e Marcie Bolen (guitarra) essa é a chance que muita gente estava esperando para conferir boas músicas com menos de três minutos que façam pensar em fazer músicas de três minutos que façam pensar as coisas de um modo diferente.

Vem desse álbum a ótima C’mon C’mon, usada na trilha sonora daquele filme pornô chique e blasé, o estupendo Nine Songs, que mesmo curtinho e mostrando mais sexo do que muito filme de sacanagem que tem por aí [e nada contra o sexo e a sacanagem]..., é uma ótima pedida.

Mas antes de chegar na já citada canção, precisamos falar das outras duas muito boas que vêm logo antes, e para fazer jus a tudo, falar melhor ainda das outras nove que seguem a referida. É um álbum que enche os ouvidos de música boa. Esse é seu grande mérito...




Temos ótimas canções como No Regrets, Broken Man, C’mon C’mon [a melhor seqüência de abertura de álbum que eu vi em muito tempo], continua com Been Swank, pulando para a cara de pau Not That Social, que tem o refrão mais canalha dos últimos tempos, jogando na cara de um carinha que ele nem é tão sociável assim. É só o pretenso poder da cana... Toma, pé inchado! Segue com Crawl Through The Darkness, The Fever e a homônima Pawn Shoppe Heart.

O disco abre com No Regrets, que tem uma levada cadenciada, daquelas que se fosse um pouquinho mais rápida, dava pra bater cabeça. Ela tem guitarras espertas, coros como refrão espertos, baixo e bateria retos, sem muita firula.

Assim, vem Broken Man, que segue basicamente um esquema parecido. Riffs poderosos, bateria simples mas eficiente, vocais bem encaixados, alguma coisa de virtuose na guitarra solo, mas nada que fuja do conceito alternativo.

E os moços sabem aproveitar isso.

C’mon C’mon é um charme... refrão pegajoso, versos bem construídos, interlúdio bem arranjado, bateria aparecendo na medida certa. Bem charmosa.




No resto do álbum impera a criatividade. Como alguém definiu por aí, o Von Bondies é um grupo de garage punk rock, e se alguém souber o que é isso, me avise. Fugindo da catalogação desnecessária, a maneira como o Von Bondies se mostra, a energia e o "somos alternativos, mas nem precisa dizer, acho que você percebe, hã?" abre espaço para muita coisa. E aí sai um disco foda como esse.

O Von Bondies passou um período de entre-safra de 2004 até agora 2008, quando lançou o EP chamado We Are Kamikazes. O album Love, Hate and Then There's You deve sair até maio. Mal posso esperar.




este disco está disponível aqui!