Vô batê pá tu batê
De tempos em tempos se tem uma iluminação musical, seja porque descobriu uma nova gama de possíveis influências, seja porque velhas influências se inserem numa rotina diferenciada de quando eles apareceram.
Mais ou menos isso me aconteceu quando eu vi minha irmã tirar de dentro de uma sacola o cd do Baiano & e os Novos Caetanos, que por mais que eu tenha procurado, vasculhado, tentado, achei poucas referências na internética. É um elo perdido da música popular impopular brasileira. Durante muito tempo execrada, agora venerada.
Mas essa não foi uma nova influência trazida a mim do nada. Nos áureos tempos da família vivendo o american way of life, tive contato com esse disco pelas mãos de meu pai, que o comprou e colocou num som CCE, na sala de casa, e me chamou para escutar.
Disco de 1974, Baiano & os Novos Caetanos, formado pelos personagens de Chico Anísio e Arnauld Rodrigues, no programa Chico City [Baiano e Paulinho], traz influências das mais diversas, sempre numa colagem entre o regional e o cosmopolita, numa leitura de deboche da conjuntura nacional da época e dos movimentos artísticos hipervalorizados, no caso a Tropicália.
São onze faixas que transitam entre uma construção do lúdico nordestino, com referências a temas clássicos do sertão, juntamente com guitarras elétricas, solos de blues, coros, sinos, apitos... Nas letras, as referências são mais amplas ainda, construindo uma colcha de suportes, uma construção em cima da desconstrução.
O que mais parece é que a tentativa de fazer uma sátira e uma crítica acabou dando certo e descambando para uma criação mais intensa de um imaginário que circula entre Nega, Cidadão da Mata e Veio Zuza, personagens nominados dentro das composições.
Por outro, clássicos como Vô Batê Pá Tu, que fala das delações na ditadura, e Urubu Tá com Raiva do Boi, uma crítica à situação econômica do país e ao falso “milagre econômico brasileiro”, fizeram de Baiano & Os Novos Caetanos um nome significativo no universo do samba-rock e da música rural.
Esse, que é o primeiro disco da dupla, abriu espaço para uma sensibilidade mais exacerbada de minha parte, que passei a olhar com mais propriedade para aquelas manifestações da nossa cultura, permanecendo, até hoje, esse misto de regional e estrangeiro. O que é totalmente possível e esperado.
Imagine-se, então, isso em 1974.
Quando escutei o disco pela primeira vez, na sua primeira reedição, que aconteceu em 1994, eu tinha 10 anos e quase nenhuma idéia do que era Tropicália e essas outras manifestações artísticas. É como eu costumo dizer: a música exerceu um papel unicamente de catalisador.
Sem idéia do que escutava, as impressões eram todas novas, era apenas a intuição funcionando, como deve ser na origem.
E por hoje é só. Fantástico.
De tempos em tempos se tem uma iluminação musical, seja porque descobriu uma nova gama de possíveis influências, seja porque velhas influências se inserem numa rotina diferenciada de quando eles apareceram.
Mais ou menos isso me aconteceu quando eu vi minha irmã tirar de dentro de uma sacola o cd do Baiano & e os Novos Caetanos, que por mais que eu tenha procurado, vasculhado, tentado, achei poucas referências na internética. É um elo perdido da música popular impopular brasileira. Durante muito tempo execrada, agora venerada.
Mas essa não foi uma nova influência trazida a mim do nada. Nos áureos tempos da família vivendo o american way of life, tive contato com esse disco pelas mãos de meu pai, que o comprou e colocou num som CCE, na sala de casa, e me chamou para escutar.
Disco de 1974, Baiano & os Novos Caetanos, formado pelos personagens de Chico Anísio e Arnauld Rodrigues, no programa Chico City [Baiano e Paulinho], traz influências das mais diversas, sempre numa colagem entre o regional e o cosmopolita, numa leitura de deboche da conjuntura nacional da época e dos movimentos artísticos hipervalorizados, no caso a Tropicália.
São onze faixas que transitam entre uma construção do lúdico nordestino, com referências a temas clássicos do sertão, juntamente com guitarras elétricas, solos de blues, coros, sinos, apitos... Nas letras, as referências são mais amplas ainda, construindo uma colcha de suportes, uma construção em cima da desconstrução.
O que mais parece é que a tentativa de fazer uma sátira e uma crítica acabou dando certo e descambando para uma criação mais intensa de um imaginário que circula entre Nega, Cidadão da Mata e Veio Zuza, personagens nominados dentro das composições.
Por outro, clássicos como Vô Batê Pá Tu, que fala das delações na ditadura, e Urubu Tá com Raiva do Boi, uma crítica à situação econômica do país e ao falso “milagre econômico brasileiro”, fizeram de Baiano & Os Novos Caetanos um nome significativo no universo do samba-rock e da música rural.
Esse, que é o primeiro disco da dupla, abriu espaço para uma sensibilidade mais exacerbada de minha parte, que passei a olhar com mais propriedade para aquelas manifestações da nossa cultura, permanecendo, até hoje, esse misto de regional e estrangeiro. O que é totalmente possível e esperado.
Imagine-se, então, isso em 1974.
Quando escutei o disco pela primeira vez, na sua primeira reedição, que aconteceu em 1994, eu tinha 10 anos e quase nenhuma idéia do que era Tropicália e essas outras manifestações artísticas. É como eu costumo dizer: a música exerceu um papel unicamente de catalisador.
Sem idéia do que escutava, as impressões eram todas novas, era apenas a intuição funcionando, como deve ser na origem.
E por hoje é só. Fantástico.
4 Comentários:
lembro quando tu descobriu isso
tocava demais no blue bird!!
hauhaahuah
Ainda acho que é o Dhuba na capa com um perucão!
auhauhauah!!
xD
"mas o urubu não pode devorar o boi! todo dia chora... todo dia chooora..."
ah sim.
eu lembro disso tudo.
do naeno também.
um dia ainda acho aquele cd.
>=)
só parece o preto.
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