Carne de Vaca (mas é filé)
Um jazz fácil de ouvir.
Fácil de ouvir? Jazz?
Pode parecer incoerente, mas é.
Talvez a frase acima passe a mensagem de que fácil significa simples. E é verdade. Diferente do jazz mais conhecido, aquele som cheio de notas tortas, esse álbum é quase um convite aos curiosos que querem começar a ouvir o estilo mas não conseguem entender nada.
Mas como assim? Não tem notas tortas? Então não é Jazz!
Calma lá rapaz. Esse é um autêntico Miles Davis em seu momento mais Cool já registrado.
Miles Davis entrou em cena no auge do Bebop, estilo predominante do jazz dos anos 40, tocando com Charlie Parker, e não demorou muito para que seguisse seus próprios passos. Foi desbravando territórios desconhecidos do jazz até o fim, com suas loucuras no cenário fusion nos anos 90.
Mas não pense que isso é pouco.
Em 1947 Miles, com apenas 20 anos, empatou com Dizzy Gillespie como trompetista número 1 na votação dos críticos da revista Down Beat, revista bem conceituada da época. Como se não bastasse, cara só foi o precursor de quase todas as fases do jazz.
Se foder.
Uma das escolas praticamente criadas por Miles nesse meio tempo foi o cool jazz. Talvez a mais importante para a disseminação do jazz, afinal de contas, Kind Of Blue é o álbum mais vendido do gênero, um álbum de cool jazz.
Essa escola surgiu de uma semente que o trompetista plantou em 49 com a gravação do álbum Birth Of The Cool, um abalo sísmico no mundo do Jazz que até então estava acostumado com o vigor do bebop ou, antes, com o Dixieland, Swing e com as bigbands da época. Birth Of The Cool trazia um jazz mais calmo, simples. Mas tava quase lá.
Em 1959, Miles gravou duas sessões ousadas de improviso com seu sexteto. Nascia o Kind Of Blue.
O resultado foi a imortalidade. Miles com sua criatividade e sutileza, cria, com pouquíssimas notas, um Jazz original, altamente sofisticado e maduro. Suas melodias são naturais e bem resolvidas. As harmonias são mais simples do que tudo que o Jazz já viu. Lembrem-se que, com exceção do tema da música, tudo é improvisado, sem ensaio.
Os demais músicos não deixam a desejar em momento algum. Um grupo de ases: cada um teve sua própria carreira sólida e inspiradíssima, com destaque para John Coltrane, hoje considerado um deus do Jazz.
Assim segue o álbum inteiro, boêmio e sofisticado.
E depois? Depois o Jazz não foi o mesmo. Kind of Blue é disco que influênciou a todos e determinou rumos da música. Esse é um daqueles álbuns dignos de toda essa lambança.
Os músicos de Jazz o chamam de Bíblia. Os críticos dizem que é o album que todo fã precisa ter. Pela primeira vez na posição de músico, crítico e fã, registro aqui minha homenagem a um álbum daquela listinha que abriu minha cabeça.
Miles Davis - Kind Of Blue
Miles Davis - Trompete
Julian "Cannonball" Adderley - Sax Alto (com exceção da #3)
John Coltrane - Sax Tenor
Wynton Kelly - Piano (#2)
Bill Evans - Piano (o resto)
Paul Chambers - Rabecão
Jimmy Cobb - Batera
Um jazz fácil de ouvir.
Fácil de ouvir? Jazz?
Pode parecer incoerente, mas é.
Talvez a frase acima passe a mensagem de que fácil significa simples. E é verdade. Diferente do jazz mais conhecido, aquele som cheio de notas tortas, esse álbum é quase um convite aos curiosos que querem começar a ouvir o estilo mas não conseguem entender nada.
Mas como assim? Não tem notas tortas? Então não é Jazz!
Calma lá rapaz. Esse é um autêntico Miles Davis em seu momento mais Cool já registrado.
Miles Davis entrou em cena no auge do Bebop, estilo predominante do jazz dos anos 40, tocando com Charlie Parker, e não demorou muito para que seguisse seus próprios passos. Foi desbravando territórios desconhecidos do jazz até o fim, com suas loucuras no cenário fusion nos anos 90.
Mas não pense que isso é pouco.
Em 1947 Miles, com apenas 20 anos, empatou com Dizzy Gillespie como trompetista número 1 na votação dos críticos da revista Down Beat, revista bem conceituada da época. Como se não bastasse, cara só foi o precursor de quase todas as fases do jazz.
Se foder.
Uma das escolas praticamente criadas por Miles nesse meio tempo foi o cool jazz. Talvez a mais importante para a disseminação do jazz, afinal de contas, Kind Of Blue é o álbum mais vendido do gênero, um álbum de cool jazz.
Essa escola surgiu de uma semente que o trompetista plantou em 49 com a gravação do álbum Birth Of The Cool, um abalo sísmico no mundo do Jazz que até então estava acostumado com o vigor do bebop ou, antes, com o Dixieland, Swing e com as bigbands da época. Birth Of The Cool trazia um jazz mais calmo, simples. Mas tava quase lá.
Em 1959, Miles gravou duas sessões ousadas de improviso com seu sexteto. Nascia o Kind Of Blue.
O resultado foi a imortalidade. Miles com sua criatividade e sutileza, cria, com pouquíssimas notas, um Jazz original, altamente sofisticado e maduro. Suas melodias são naturais e bem resolvidas. As harmonias são mais simples do que tudo que o Jazz já viu. Lembrem-se que, com exceção do tema da música, tudo é improvisado, sem ensaio.
Os demais músicos não deixam a desejar em momento algum. Um grupo de ases: cada um teve sua própria carreira sólida e inspiradíssima, com destaque para John Coltrane, hoje considerado um deus do Jazz.
Assim segue o álbum inteiro, boêmio e sofisticado.
E depois? Depois o Jazz não foi o mesmo. Kind of Blue é disco que influênciou a todos e determinou rumos da música. Esse é um daqueles álbuns dignos de toda essa lambança.
Os músicos de Jazz o chamam de Bíblia. Os críticos dizem que é o album que todo fã precisa ter. Pela primeira vez na posição de músico, crítico e fã, registro aqui minha homenagem a um álbum daquela listinha que abriu minha cabeça.
Miles Davis - Kind Of Blue
Miles Davis - Trompete
Julian "Cannonball" Adderley - Sax Alto (com exceção da #3)
John Coltrane - Sax Tenor
Wynton Kelly - Piano (#2)
Bill Evans - Piano (o resto)
Paul Chambers - Rabecão
Jimmy Cobb - Batera
11 Comentários:
achei mesmo muito bom.
primeiro passo com estilo!
Para o pouco que conheço de jazz (e deixo claro que nunca ouvi Miles Davis/Kind Of Blue), posso dizer que a matéria instiga a curiosidade de querer saber o que ele tocava, que momento 'cool' foi esse e que simplicidade vc está trazendo para a música dele e para o estilo que de repente fica 'fácil' ouvir (coisa q nunca foi)!!! Não entendo uma vírgula de partituras músicais e menos ainda de notas tortas, mas sei que jazz por natureza tem caráter boêmio, e se vc diz q ele o faz... é pq é bom mesmo!!! Imortal??? Tenho minhas dúvidas...Carne de vaca??? Vale comer o filé...rs
P.s. Bela escrita...digna de músico, crítico e fã!
um dos cds que eu mais amo na vida.
Vamos começar os ensaios maluco?
O que dizer? Realmente insana esta obra. Mesmo quem não curta o estilo, só de ver numa banda Bill Evans, Miles e Coltrane reunidos, já vale a leitura do encarte! (mas não escutar o disco é uma heresia!) Muy Buenooooooooo!
Absss
hehehe muito bom ed, assim como o Miles, você escreveu de uma maneira mais simples, mas ao mesmo tempo descontraída e interessante...
não ouvi esse disco ainda...
ainda...
besos!
Esse disco abriu a minha cabeça também quando o ouvi pela primeira vez, vinte anos atrás. Aliás quando ouvi as duas primeiras notas de "so what", que abrem o disco e ficam soando repetidamente no mais puro minimalismo, instigando os improvisos dos caras.
Adorei o texto também, só acho que o Bill Evans merecia ser venerado no mesmo olimpo em que vc colocou o Miles e o John Coltrane.
Bêjos.
sou ouco um pouco de jazz, nam sou bem "cunhecedor" do negoco. Mas sei mais ou menos que o Miles na sua ultima fase tinha umas atitudes estranhas oO [mas ele apoiou um reca de gnt]
O disco é delirante. Miles escreveu os temas e harmonia pra este disco algumas horas antes das sessões de gravação.
Você está ouvindo os caras tocando as músicas praticamente pela primeira vez..
E é incrivel a expontaneidade e improvisação de todos eles.
E apesar de ser um disco "fácil de ouvir", tem uma qualidade e sofisticação musical impressionante.
Vale dizer também, que Miles Davis, anos mais tarde, juntamente com outros tantos, revolucionou o jazz com o fusion jazz.
Certamente é um dos caras que mais influenciou esta nova geração de músicos, não só do jazz como de toda a música instrumental, brasileira inclusive.
Instigante a matéria...Já começei a fazer o download do álbum...
Tu tem jeito com as palavras...
beijos
(...)
cool
cáscara sagrada!
ed, que bacana, eu não esperava...adorei
bjnh
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