terça-feira, 19 de agosto de 2008

Não quero mais ouvir o "Beep Beep"
Por Jader Pires




Parece até desenho animado. E o pior é que todo mundo cai na armadilha. Público e crítica ficam presos a cordas estrategicamente amarradas em árvores ou em grandes mandíbulas de ferro que se fecham ao pisar. Só faltavam algumas minas ACME na frente de um pedaço suculento de carne pintado na parede.

O Coldplay nunca foi a maior banda do planeta e nunca tentou ser. Então, como isso acabou virando uma verdade absoluta quando se fala da banda? – blábláblá de gravadora.

Estamos nos tempos em que artistas como Madonna, Radiohead, Smashing Pumpkins e muitos outros não renovam mais contratos para seguir uma carreira mais livre (e lucrativa, por que não!?), e é mesmo de se enaltecer o privilégio de ter uma banda desse calibre que faz questão de admitir publicamente que não quer se desvincular do formato clássico de contrato, produtor, publicidade, compromisso de três álbuns em cinco anos e clipes para cada single. Por isso o termo “a maior banda do planeta” é martelado em nossas cabeças e acabamos por tornar erroneamente a alcunha como verdadeira.


Mas não continuem se enganando. O argumento acima não serve de proteção para o grupo britânico que lançou há pouco o álbum Viva la Vida or Death and All His Friends, sucessor do espancado X&Y (2005). Todo mundo sabe que Chris Martin é um picareta que queria ser chato como Noel Gallagher e feio como Thom Yorke, mas não consegue ser genial como nenhum dos dois. Segue com afinco as premissas de um rockstar do século XXI: Vegetariano, não bebe e não fuma, adotou uma causa social para lutar (o movimento social Fair Trade) e só bate em paparazzi (afinal, quem não bateria em um?!). Picareta sim, mas com talento.

O problema todo é que com esse papo de melhor banda do planeta, o Coldplay não só passou pelo desafio do segundo álbum, como apanhou feio no lançamento do terceiro, e terá que segurar as pontas no lançamento do quarto e do quinto e do décimo nono. Enquanto o apelido criado pela gravadora não desaparecer, a banda vai sempre queimar na fogueira da inquisição musical.

Viva la Vida... é um álbum bom. A produção de Brian Eno (aquele mesmo que jogou o U2 lá no alto nos anos 80) não livra a cara como todos esperavam, mas tem ótimos momentos.






Life in Technicolor e Lovers In Japan são contentes e se distanciam um pouco do que a banda usualmente compõe. A dobradinha Cemeteries of London e Lost! Tem arranjos menos distintos e melodias típicas de mr. Chris Martin, enquanto as músicas que dão nome ao álbum, Viva La Vida e a excelente Death and All His Friends fazem valer pelo menos uma primeira audição. O Álbum vai ganhando e perdendo qualidade com a alternância entre canções que estão mais soltas daquela velha fórmula de compor do quarteto e canções que soam como um Coldplay requentado, mantendo uma tradição que pode se dar como enfadonha, como em 42 (em alguns momentos) e o primeiro single, Violet Hill.

Talvez o Coldplay esteja num caminho de redenção e pode voltar a ser uma ótima banda, com composições cada vez mais livres e com a mesma intensidade dos dois primeiros álbuns. Na revista Rolling Stone de Julho último (nº 22, pág. 84), Chirs Martin diz em uma entrevista que o verso “i don’t want a cycle of recycled revenge” (“não anseio por um ciclo de vingança reciclada”) foi criada e inserida na canção Death and All His Friends por Brian Eno, numa brecha que a letra tinha na época de gravação.

Talvez, antes de conceber por definitivo essa frase, Brian Eno pode ter dado a maior dica que a banda pode ter recebido: “I like you guys, but i don’t want a cycle of recycled Coldplay songs” (“Eu gosto de vocês, mas eu não anseio por um ciclo de músicas recicladas do Coldplay”).









Talvez as inúmeras marteladas na cabeça desde 2005 tenham esbugalhado os olhos do grupo. Talvez o Coiote esteja montando uma nova armadilha na caça do Papa-léguas, ao invés de sempre correr e correr até cair no mesmo erro, quero dizer, precipício. Fiuuuuuuuuu...........(puf)!

Ouça a diferença (ou não) do novo álbum do Coldplay aqui!

6 Comentários:

Blogger Rafael Campos disse...

eu gostei mt de yes, mas ainda os acho super pretenciosos... ou fui direcionado a achar isso... mas ainda acho que "god put a smile upon your face" é uma das músicas mais lindas já feitas...

20 de agosto de 2008 às 14:12  
Anonymous Anônimo disse...

Concordo com Rafael em "god put a smile upon your face".
Acho o Chris Martin um dos "wannabes" mais bem sucedidos da atualidade, mas isso não dá a ele a prerrogativa de levar o título de melhor banda e blás... Tem muuuuito chão pro Coldplay ainda, e um dos passos a ser dados primeiro é sair do "funil" de mesmas musiquinhas que entraram...
;)

20 de agosto de 2008 às 22:14  
Anonymous Anônimo disse...

Vou ter que escutar pra falar.
gostei do texto

27 de agosto de 2008 às 01:09  
Blogger Alícia Melo disse...

Eu gostei de Violet Hill, quando ouvi fiquei até feliz achando q ia amar o disco todo, mas nem.. esperava mais, achei repetitivo. Porem, ainda goste da banda, gosto da voz do Chris. =)
Mas acheva mesmo q eles iriam arriscar mais.
=*

27 de agosto de 2008 às 18:51  
Blogger J. disse...

Shame on you, Chris Martin.

o disco é tão tão tão ruim que eu não passei da sexta faixa. Tinha a impressão de que não iria gostar do disco. então as pessoas ao meu redor começaram a falar que o disco tinha potencial, tinha umas coisas boas...

mas não sei. acho que, infelizmente o Coldplay errou a mão mais uma vez, reforçando a minha teoria de que disco deles BOM MESMO de verdade só o primeiro. o segundo ainda mostra um fôlego, mas os outros dois são belos tiros na água.

entretanto, marketing eles sabem fazer como ninguém. e eu acho isso MUITO louvável. cai quem quer ou quem é indefeso. afinal, malandro é malandro, mané é mané. ;]

27 de agosto de 2008 às 20:21  
Anonymous Anônimo disse...

sempre achei que o legal no coldplay terminava antes do conteúdo do álbum parachutes terminar... o problema agora é que o coldplay está cada mais maior - e ao que parece não é por mérito artístico - fazendo com que a cada álbum lançado, os momentos legais ficassem lá no primeiro álbum... o que me leva a me indagar que aqueles não eram na verdade momentos legais...

27 de agosto de 2008 às 23:42  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial