quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Uma noite linda de morrer (Mombojó)

Ouvi exaustivamente o primeiro disco do Mombojó, o interessantíssimo nadadenovo, de 2004. Antes de ouví-lo, no entanto, fui a um show da banda na minha cidade-natal, Teresina, em 2005. Um show que me rendeu histórias das mais diversas magnitudes, um show que me fez pensar na vida [sério] de diversas maneiras. Até hoje, quando escuto Mombojó, penso naquela noite de sexta-feira, num julho perdido e de clima ameno.

Ou pelo menos pensava. Hoje o Mombojó é muito diferente do que era naquele 2004. A morte de O Rafa, responsável pelas flautas, e a saída de Marcelo Campello, dono dos violões, cavaquinhos e escaletas dos dois primeiros discos da banda, mudou muito [ou seria "demais"?] a cara do grupo que me fascinou naquela noite hoje já tão passado. O que é natural e até esperado. Afinal, já se vão três anos desde o primeiro encontro e cinco do nascimento da banda. Mudar, além de inevitável, era essencial com tantos processos rodeando o Mombojó.



Em junho deste ano fui a um show da banda no Studio SP e pude ver como estava aquele adorado grupo com dois integrantes a menos e com todas as particularidades que isso traz. Mais seco, mais rock, menos samba, com menos detalhes. Foi um show difícil, e ainda assim divertidíssimo.

Mas bem menos divertido que a apresentação que vi no último sábado, 13/09, no mesmo Studio SP. Antecedido pelo fantástico show de China, a invasão pernambucana foi completada quando Felipe S (voz), Samuel (baixo), Vicente Machado (bateria), Marcelo Machado (guitarra) e Chiquinho (teclado e sampler) puseram os pés no palco. Mombojó e China, Cancêr e Você Não Serve Pra Mim, sai China, fica Mombojó.



Misturando músicas do primeiro [e melhor disco, na minha opinião] com músicas do segundo disco e canções inéditas, que devem figurar no álbum a ser lançado em novembro deste ano, não houve razão para não abrir facilmente o sorriso que me foi tão caro no show de junho. Banda afiada, sorriso nos rostos, público acompanhando as canções nota a nota...

É tragicômico pensar que, quando Felipe S abre a boca para professar um "deixe-se acreditar/nada vai te acontecer/tudo pode ser/nada vai acontecer, não tema/esse é o reino da alegria" [de Deixe-se Acreditar], todas as pessoas dentro do Studio SP [me permitam aqui uma generalização descarada] berram com ele a plenos pulmões. Aqui têm-se a faca de dois gumes do homem-artista: "se fossem opções rigorosamente excludentes entre si e você pudesse escolher uma delas, desejaria ser um grande artista ou um cara anonimamente feliz?", como bem escreveu Alexandre Inagaki.



É trágico pensar nisso por que, como homens, estes rapazes vivem sua arte e sofrem por terem nela seu trabalho, mezzo recheado de alegrias, mezzo entremeado de pequenos baques e dramas; e que, como artistas, estes homens apresentam suas vidas/experiências/humores para um público sedento por uma confidência, uma relação próxima. E cômico por que estas elucubrações não fazem o menor sentido quando se vê o Mombojó no palco: todos os pequenos dramas, da vida ou das letras, são substituídos por uma "tremenda anarquia, que vai pintando as ruas de alegria"...





(Fotos gentilmente cedidas por Gian Lucca)

3 Comentários:

Blogger Alícia Melo disse...

ain, deu mais vontade de tá aí pra ter ido agora, viu? última vez q eu vi mombojó tem uns 2 anos. =~
=**

17 de setembro de 2008 às 05:11  
Blogger oseguinte disse...

e eu, que nunca vi?
:[

17 de setembro de 2008 às 23:15  
Anonymous Anônimo disse...

Muito bacana sua comparação entre os shows do Mombojó, eu nunca tive oportunidade de assistir ao vivo mas, por suas palavras tive a sensação de ter estado lá!
Poucas pessoas os conhecem, aproveite para divulgar seus posts lá no Post Social (www.postsocial.com.br).
Abçs
Luana
Equipe Post Social

24 de setembro de 2008 às 17:12  

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