terça-feira, 27 de novembro de 2007

It's a big...a big hard sun!
Por Jader Pires



Eddie Vedder saiu de Evanston, no Illinois rumo a San Diego, California. Recebeu uma fita com três gravações instrumentais de um amigo (Jack Irons, baterista da formação original do Red Hot Chilli Peppers). Reza a lenda que Vedder ouviu-as, foi fazer uma session de surfe e, quando retornou, tinha as letras das três músicas prontas na cabeça. Foi para Seattle e conheceu seus criadores.

Bom, se você conhece essa história, conhece o resto de cor. O Pearl Jam se tornou uma das maiores e mais importantes bandas do planeta.

Euforia, revolta, posicionamento político, abstração, introspecção, conformismo, redenção. Algumas facetas da banda estado unidense que segue sua carreira de nove discos de estúdio lançados. Mas algo que permeia a trajetória do grupo é a importância que sempre foi dada aos fãs.

Um dos mimos oferecidos vem do fato de que Eddie Vedder sempre aparece no palco horas antes dos shows da banda para fazer uma pequena apresentação solo de algumas músicas que ele gosta, seja sons lado B do Pearl Jam, covers ou músicas que ele compõe por diversão ou para projetos paralelos. Dentre esses projetos interessantes, temos a contribuição das famosas Last Kiss e Soldier Of Love para o álbum beneficente Sem Fronteiras (1999), para ajudar sobreviventes da guerra de Kosovo (Vale lembrar que ambas as músicas não são do Pearl Jam, mas sim covers). Outro “presente” de Vedder é a de contribuir com trilhas de filmes, como em 2001, quando participou da trilha do filme I am Sam (Uma Lição de Amor) com a música You've Got to Hide Your Love Away e podem até colocar esse blog para queimar chamando-me de herege, mas ficou ainda mais bonita que a versão original dos Beatles. Em 2003 tivemos o privilégio de ouvir a belíssima Man Of The Hour, feita para o até então mais recente filme do diretor Tim Burton, o Big Fish (Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas).

Tá bão, tá bão! – Vamos ao que interessa.




Sean Penn é talentoso, versátil e se aventurou novamente atrás das câmeras dirigindo o filme Into The Wild, que conta a história de um rapaz que decide cair na estrada para chegar até o Alaska e viver com a natureza. Eddie Vedder compôs, gravou, tocou, cantou e assinou a trilha sonora toda.

Music For The Motion Picture: Into The Wild é simples, cru, sensível e eficiente (muito cuidado com esse último adjetivo, pois ainda não vi o filme para afirmar a eficiência da trilha, mas que, como álbum, funciona muito bem). São 11 músicas bem ao estilo folk tranqüilo, estilo esse que Vedder vem traçando e adentrando mais e mais em suas exibições solo (tá vendo como a lenga-lenga do começo tinha uma razão de ser!?). Quem conhece o trabalho do Eddie Vedder não encontrará surpresa nesse álbum, e isso obviamente não quer dizer que seja previsível e/ou tedioso. Melodias sinceras, a voz singular e cheia de interpretação de um Vedder muito mais calmo que da época da explosão do grunge, mas excepcionalmente capaz de produzir algo agradável e com letras que se encaixam perfeitamente na música, de uma maneira muito interessante (uma capacidade muito foda que Eddie Vedder tem).




Como se trata de uma trilha sonora, o conselho é ouvir todo o álbum na seqüência, pra tentar entender o contexto e a ordem proposital colocada na obra. A violada começa com a Setting Forth, bem ao estilo “baladinhas alegres” de Vedder. O violão nesse caso funciona muito bem em todas as músicas, na pegada acústica dando aquela impressão de que ele está cantando na varanda de alguma cabana no deserto ou nas montanhas, com um cigarro na boca e um chapéu na cabeça. Os instrumentos de cordas se entrelaçam de modo a formar um todo muito consistente e que soa bem demais aos ouvidos.

Rise é uma canção muito simples e aconchegante, provando de uma vez por todas que o less is more. Tuolumne é um instrumental curto, porém certeiro, na medida, ali bem no meio do álbum. Hard Sun tem a canção Society na seqüência e ambas têm refrões muito potentes e são dotadas de uma sinceridade única que chega a emocionar dependendo do volume em que ouve e/ou se canta. Em The Wolf temos o Vedder em seus rituais, em uma espécie de busca de respostas com os espíritos nativos (assim como na canção Arc do penúltimo álbum do Pearl Jam, Riot Act, de 2002). End Of The Road é o prenúncio do fim, com um instrumental bem feito e que culmina na linda Guaranteed que dá adeus ao ouvinte, mas não sem olhar pra trás para o last goodbye. Com 2:43 minutos, o fade out acontece e o final parece iminente quando, aos 4:43 minutos, a canção retorna com um Vedder fazendo a melodia da letra, mas sem cantá-la. A despedida é simples e bela, daquelas que se lembra de tempos em tempos.

Não há mais o que se falar. Uma obra para se conhecer de ponta a ponta e para imaginar-se tocando-a ou escutando-a nas paisagens do filme. Abaixo, deixo o trailer para ajudá-los.


4 Comentários:

Blogger J. disse...

a trilha sonora e o visual dos trailers são um convite perfeito para um mochilão... viva vedder!

27 de novembro de 2007 às 23:48  
Anonymous Anônimo disse...

quero ver esse filme.
agora.

29 de novembro de 2007 às 14:44  
Blogger Unknown disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

7 de dezembro de 2007 às 11:33  
Blogger Unknown disse...

esse disco tem um encarte virtual. vale a pena dar uma conferida.

o link:

http://tiny.cc/BcZFz

7 de dezembro de 2007 às 11:36  

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