O retorno para si mesma
[para o canto mais obscuro da alma]
Trinta e três minutos e alguns quebrados de segundos. Esse é o tempo que dura nosso breve e marcante passeio pelo espírito tortuoso que Polly Jean Harvey (PJ Harvey) trouxe a tona no seu último trabalho, White Chalk (2007). Tudo bem que ela nunca foi lá um poço de músicas “coloridas”, sempre colocando um pouco de suas dores hiper-femininas nas composições [e atitudes]. Isto sem soar uma mulher melosa, falsamente orgulhosa e sexualizada, mas sendo sincera e forte, algo triunfante diante de tantas garotinhas-de-20-e-poucos-anos que ainda escrevem como curicas de 14 anos.
O que mais atormenta nesse último trabalho é que PJ Harvey foi mais além que cantar simples fatos cotidianos. Jogando sua guitarra na fogueira, ela passa a assumir um piano [que aprendeu a tocar especialmente para este álbum], para então se integrar a instrumentos de percussão e corda acústicos. Despojando-se completamente de suas habituais vestes musicais para poder ir, e mostrar, o mais fundo de sua alma atormentada.
Vagando por caminhos que muitas vezes lhe remetem a infância e demônios internos, lembranças que vagam pelo seu mais querido lado sombrio de sua personalidade. Tudo numa narrativa suave de sua voz, num tom [belo] que raramente se exaltada, o que termina por cobrir toda a melancolia pesada e pessoal que atravessa White Chalk.
Em The Devil [umas das musicas mais fortes], PJ Harvey nos alerta do monstro que a consume. Com Dear Darkness ela mostra toda sua intimidade e carinho pelo seu lado obscuro. Harvey conversa sobre suas dores com sua mãe e sua avó em Grow Grow Grow [uma bela canção onde ela solta sua voz como nunca] e To Talk To You, respectivamente. E The Piano é aquela música que nunca se deve ouvir em momentos alegres, por ser tão bela e angustiante. São canções intimistas que passeiam pelos ouvidos, imperceptíveis e complicadas de descrever sonoramente por serem tão simples. Mas que deixam rastro para quem as escuta, uma sensação cortante de melancolia.
Apesar de todas qualidades, White Chalk talvez não chegue a ser um clássico como Rid of Me (1993), e deve perturbar a audição de muitos fãs antigos de PJ Harvey. Mas ele é uma pequena pérola negra da cantora, um despretensioso avanço sonoro que lhe rendeu um grande além do seu penúltimo trabalho, Uh Huh Her (2004), que passou despercebido por mostrar um som mais-do-mesmo.
E talvez todo esse passeio perturbador pela alma de PJ Harvey tenha um outro lado positivo. Seja lá qual foi o resultado dessa cartase, a cantora já está de volta ao estúdio para gravar outro trabalho, com lançamento previsto em 2008 ainda. Para quem andava meio sumida, esta reconciliação com as trevas parece ter lhe trazido à luz.
[para o canto mais obscuro da alma]
Trinta e três minutos e alguns quebrados de segundos. Esse é o tempo que dura nosso breve e marcante passeio pelo espírito tortuoso que Polly Jean Harvey (PJ Harvey) trouxe a tona no seu último trabalho, White Chalk (2007). Tudo bem que ela nunca foi lá um poço de músicas “coloridas”, sempre colocando um pouco de suas dores hiper-femininas nas composições [e atitudes]. Isto sem soar uma mulher melosa, falsamente orgulhosa e sexualizada, mas sendo sincera e forte, algo triunfante diante de tantas garotinhas-de-20-e-poucos-anos que ainda escrevem como curicas de 14 anos.
O que mais atormenta nesse último trabalho é que PJ Harvey foi mais além que cantar simples fatos cotidianos. Jogando sua guitarra na fogueira, ela passa a assumir um piano [que aprendeu a tocar especialmente para este álbum], para então se integrar a instrumentos de percussão e corda acústicos. Despojando-se completamente de suas habituais vestes musicais para poder ir, e mostrar, o mais fundo de sua alma atormentada.
Vagando por caminhos que muitas vezes lhe remetem a infância e demônios internos, lembranças que vagam pelo seu mais querido lado sombrio de sua personalidade. Tudo numa narrativa suave de sua voz, num tom [belo] que raramente se exaltada, o que termina por cobrir toda a melancolia pesada e pessoal que atravessa White Chalk.
Em The Devil [umas das musicas mais fortes], PJ Harvey nos alerta do monstro que a consume. Com Dear Darkness ela mostra toda sua intimidade e carinho pelo seu lado obscuro. Harvey conversa sobre suas dores com sua mãe e sua avó em Grow Grow Grow [uma bela canção onde ela solta sua voz como nunca] e To Talk To You, respectivamente. E The Piano é aquela música que nunca se deve ouvir em momentos alegres, por ser tão bela e angustiante. São canções intimistas que passeiam pelos ouvidos, imperceptíveis e complicadas de descrever sonoramente por serem tão simples. Mas que deixam rastro para quem as escuta, uma sensação cortante de melancolia.
Apesar de todas qualidades, White Chalk talvez não chegue a ser um clássico como Rid of Me (1993), e deve perturbar a audição de muitos fãs antigos de PJ Harvey. Mas ele é uma pequena pérola negra da cantora, um despretensioso avanço sonoro que lhe rendeu um grande além do seu penúltimo trabalho, Uh Huh Her (2004), que passou despercebido por mostrar um som mais-do-mesmo.
E talvez todo esse passeio perturbador pela alma de PJ Harvey tenha um outro lado positivo. Seja lá qual foi o resultado dessa cartase, a cantora já está de volta ao estúdio para gravar outro trabalho, com lançamento previsto em 2008 ainda. Para quem andava meio sumida, esta reconciliação com as trevas parece ter lhe trazido à luz.
Obs.: Ironicamente, considero este álbum o par perfeito de outro trabalho, também permeado pelo piano suave e por marcas melancolicamente pessoais: The Boatman’s Call (1997), do Nick Cave, ex-namorado de PJ Harvey. O disco foi feito durante a depressão do cantor após o fim do relacionamento dos dois. Ou seja, pro bem de seu bom humor, nunca ouça estes álbuns consecutivamente.
2 Comentários:
eu doro pj... mas ela precisa aprender e muuuuuuuuuuito a tocar piano! .P
Vou sair do work hoje correndo e baixar o cd novo de PJ... ótima matéria!
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