segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Parece que faz tanto tempo...
Por Jader Pires.




Quando lançou seu primeiro trabalho solo (Yours To Keep) em 2007, Albert Hammond jr disse que “se você não estiver procurando por um quarto disco do Strokes, esse vai ser um álbum para se apaixonar”. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o guitarrista californiano que ganhou o mundo em Nova York continua doce e dúbio em ¿Cómo Te Llama?, mas com um gás renovado.

 

O rapaz é supostamente uma máquina criativa. Carreira solo bem comentada justamente pelas composições que fogem um pouco da banda que o projetou e agora, além de um novo álbum, começa a atuar também no mercado da moda, criando modelos de ternos com a designer Ilaria Urbinati. Territórios desconhecidos provaram ser bem férteis para este moço que sempre teve uma cara confiante. Não uma confiança de quem sabe fazer, mas de quem simplesmente faz.

 

Em ¿Cómo Te Llama?, temos a voz que ainda encanta por sua mistura ditosa e levemente melancólica que deixa todas as composições carregadas de uma dualidade entre alegria e tristeza (fator primordial para o estilo power pop que Albert resolveu adentrar com seu projeto solo). GfC é o exemplo mais interessante de uma letra muito triste (“inside me there's a sad machine, wants to stop movin'”) com um arranjo mais alegre e uma voz que caminha nas duas direções para ser interpretada conforme a disponibilidade do dia para se estar feliz ou triste.



O trio que o acompanha é o mesmo e isso dá um tom mais ímtimo e, embora não inovando assim como em Yours..., estão claramente mais descontraídos. Essa tal intimidade tanto da banda, como a de Albert em compor sozinho, fez com que, além de lançar dois discos pra um mesmo projeto paralelo num período de um ano, as alternâncias de estilo também se fizeram aparecer na obra. Toda a sonoridade é mais solta, ampla e segura que no trabalho anterior fazendo até com que uma canção como In My Room (uma das melhores) pudesse ser gravada com uma pegada deliciosamente parecida com Strokes, mas sem soar realmente como a banda e mostrando que o garoto dos ternos também sabe falar de relacionamentos conturbados tão bem ou, dependendo da liberdade dos olhos e ouvidos de quem ouve, melhor que Julian Casablancas.

 

As canções Lisa e Rocket são bem densas e industriais enquanto You Won’t Be Fooled By This é uma (em)balada gostosa e sincera que antecede a bela Spooky Couch, uma viagem de teclados e cordas que contou com a participação de Sean Lennon (que já havia participado do álbum anterior). É uma canção instrumental cercada de surrealismos sonoros, simples e encantadores.




Logo após, uma seqüência ótima em que Albert leva todas as características de seu som para a concepção de dub poderoso (Borrowed Time), um emaranhado de alegrias (G Up) e um reggae com direito a inserções de percussão (Miss Myrtle), todos aos moldes de ¿Cómo Te Llama?, que é finalizado com a inspirada Feed me Jack or How I Learned To Stop Worrying And Love Peter Sellers. Aliás, a julgar pelos dois trabalhos que Albert já lançou em sua trajetória solo, posso concluir que o garoto sabe muito bem como terminar um cd.



Albert começa já na saudade (parece que faz tanto tempo...) e termina sem demonstrar um mínimo de cansaço ou falta de motivação (não é tarde demais pra ficar um pouco mais...). Se depender de mim, será sempre bem vindo. Se depender de um som sempre com essa cara boa, será sempre bem esperado.


Mate a saudade de Albert Hammond Jr. Aqui



2 Comentários:

Blogger Jose Derpann disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

14 de outubro de 2008 às 00:45  
Blogger J. disse...

albert hammond jr é um rapaz centrado, esperto, guitarrista de mão cheia, letrista surpreendente e cantor delicado.

quem me dera se no Tim Festival, no lugar do The Gossip, viesse o barbudinho do Strokes... :)

14 de outubro de 2008 às 00:45  

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