O que fizeram com você?
O primeiro artigo que eu escrevi pra ‘Algumas Coisas’ foi sobre a Legião Urbana. Hoje, um bucado de tempo depois, tendo falado de tantos outros assuntos, temos aí batendo nas caras os 10 anos de morte da ‘maior voz do rock nacional’, com dizem alguns. Ou da bicha louca que cantava naquela imitação barata de Smiths.
Opiniões a parte, achei que seria tipo dever cívico [ou de fã que fui], falar de um disco da Legião. Não sabia bem qual, e enquanto dirigia escutava o primeirão, homônimo. Que foi justamente o tema do referido artigo. Aí eu pensei cá comigo... ‘que disco eu devo resenhar então? O último, né?!’.
Então lá vai. Catei o cd de mp3 que tem a discografia da Legião do carro, trouxe pro pc e copiei a pasta do disco ‘Uma Outra Estação’, de 1997. Sim, todo mundo já deve saber, mas nunca é demais falar. Lançado como disco póstumo, ‘Uma Outra Estação’ continha músicas que sobraram do processo de gravação de ‘A Tempestade’.
Ouvir esse disco de novo é uma espécie de martírio e satisfação. Martírio porque na época em que eu o conheci eu achava a coisa mais foda do mundo, mesmo um dos piores discos da Legião. E satisfação por saber que as boas canções que eu ouvia nesse disco continuam sendo as melhores. Assim, Riding Song, La Maison de Dieu, Clarisse, Comédia Romântica, Dado Viciado, Marcianos Invadem A Terra, Mariane, Travessia do Eixão são ótimas canções, seja pela letra, pelo arranjo, pela idéia.
Já existem deslizes muito loucos como Uma Outra Estação, As Flores Do Mal, Schubert Ländler [desnecessária I], A Tempestade, High Noon (Do Not Forsake Me) [desnecessária II], Antes Das Seis e Sagrado Coração, que sem vocal [e isso, nessa época em específico, será bom ou ruim?], fica perdida no disco.
Infelizmente, enquanto se escuta o disco, sente-se um cheiro de $$$ emanando de maneira absurda. O disco cheira a caça-níquel, e talvez o seja mesmo. E mesmo assim ele tem alguma razão de ser.
‘A tempestade’ deixou alguma coisa pela metade em 1996. Era preciso um arremate, algo que fechasse o ciclo, e com a morte de Renato, esse ciclo teria que ser fechado de algum jeito. Que fosse com um disco de sobras de estúdio. O mais chato mesmo é perceber a voz grave de Renato definhando, indo embora, se acabando. Algumas canções tem apenas sussurros do que a voz de Renato já houvera sido.
Assim, como muitos dizem [parece um generalismo bobo, mas é que se lê mesmo em qualquer esquina... já é um bom clichê], o Renato deveria ter parado antes. Não porque a qualidade das produções decaiu. Mas principalmente por que ele não tinha mais condições físicas de fazer um bom álbum. Ainda assim fez um mediano.
As músicas ruins do disco assim são por serem forçadas demais, ou pelo fato de que, em algum lugar, a criatividade da banda já começava a falhar... Arranjos pobres, ou forçados, timbres de teclado horríveis [influência do Carlos Trilha] e a falta da verdadeira voz e interpretação de Renato. Realmente faz falta.
Já as partes boas do disco trazem canções que fogem aos temas mais recorrentes dos últimos discos da banda, que é lavagem de roupa suja da vida amorosa do grupo. Outras, fazem um resgate do que Renato compunha quando bem mais jovem. Muito mais do que inspirador, é interessante como material de pesquisa e fonte de conhecimento. Sobre Legião Urbana, claro.
O que mais se pode dizer desse disco? O trabalho do encarte é ótimo, muito bem feito, com desenhos de Marcelo Bonfá, que veio à Teresina outro dia ai. Dispensável e urgente à sua coleção, ao mesmo tempo. Compre de acordo com o seu humor, baixe se tiver conexão sobrando. Escute e entenda como uma banda que falava de amor passou a fazer baladas amorosas falando de punks. Ou não.
O primeiro artigo que eu escrevi pra ‘Algumas Coisas’ foi sobre a Legião Urbana. Hoje, um bucado de tempo depois, tendo falado de tantos outros assuntos, temos aí batendo nas caras os 10 anos de morte da ‘maior voz do rock nacional’, com dizem alguns. Ou da bicha louca que cantava naquela imitação barata de Smiths.
Opiniões a parte, achei que seria tipo dever cívico [ou de fã que fui], falar de um disco da Legião. Não sabia bem qual, e enquanto dirigia escutava o primeirão, homônimo. Que foi justamente o tema do referido artigo. Aí eu pensei cá comigo... ‘que disco eu devo resenhar então? O último, né?!’.
Então lá vai. Catei o cd de mp3 que tem a discografia da Legião do carro, trouxe pro pc e copiei a pasta do disco ‘Uma Outra Estação’, de 1997. Sim, todo mundo já deve saber, mas nunca é demais falar. Lançado como disco póstumo, ‘Uma Outra Estação’ continha músicas que sobraram do processo de gravação de ‘A Tempestade’.
Ouvir esse disco de novo é uma espécie de martírio e satisfação. Martírio porque na época em que eu o conheci eu achava a coisa mais foda do mundo, mesmo um dos piores discos da Legião. E satisfação por saber que as boas canções que eu ouvia nesse disco continuam sendo as melhores. Assim, Riding Song, La Maison de Dieu, Clarisse, Comédia Romântica, Dado Viciado, Marcianos Invadem A Terra, Mariane, Travessia do Eixão são ótimas canções, seja pela letra, pelo arranjo, pela idéia.
Já existem deslizes muito loucos como Uma Outra Estação, As Flores Do Mal, Schubert Ländler [desnecessária I], A Tempestade, High Noon (Do Not Forsake Me) [desnecessária II], Antes Das Seis e Sagrado Coração, que sem vocal [e isso, nessa época em específico, será bom ou ruim?], fica perdida no disco.
Infelizmente, enquanto se escuta o disco, sente-se um cheiro de $$$ emanando de maneira absurda. O disco cheira a caça-níquel, e talvez o seja mesmo. E mesmo assim ele tem alguma razão de ser.
‘A tempestade’ deixou alguma coisa pela metade em 1996. Era preciso um arremate, algo que fechasse o ciclo, e com a morte de Renato, esse ciclo teria que ser fechado de algum jeito. Que fosse com um disco de sobras de estúdio. O mais chato mesmo é perceber a voz grave de Renato definhando, indo embora, se acabando. Algumas canções tem apenas sussurros do que a voz de Renato já houvera sido.
Assim, como muitos dizem [parece um generalismo bobo, mas é que se lê mesmo em qualquer esquina... já é um bom clichê], o Renato deveria ter parado antes. Não porque a qualidade das produções decaiu. Mas principalmente por que ele não tinha mais condições físicas de fazer um bom álbum. Ainda assim fez um mediano.
As músicas ruins do disco assim são por serem forçadas demais, ou pelo fato de que, em algum lugar, a criatividade da banda já começava a falhar... Arranjos pobres, ou forçados, timbres de teclado horríveis [influência do Carlos Trilha] e a falta da verdadeira voz e interpretação de Renato. Realmente faz falta.
Já as partes boas do disco trazem canções que fogem aos temas mais recorrentes dos últimos discos da banda, que é lavagem de roupa suja da vida amorosa do grupo. Outras, fazem um resgate do que Renato compunha quando bem mais jovem. Muito mais do que inspirador, é interessante como material de pesquisa e fonte de conhecimento. Sobre Legião Urbana, claro.
O que mais se pode dizer desse disco? O trabalho do encarte é ótimo, muito bem feito, com desenhos de Marcelo Bonfá, que veio à Teresina outro dia ai. Dispensável e urgente à sua coleção, ao mesmo tempo. Compre de acordo com o seu humor, baixe se tiver conexão sobrando. Escute e entenda como uma banda que falava de amor passou a fazer baladas amorosas falando de punks. Ou não.
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